PERFIL ABES-MG

 

Confira mais uma entrevista do Projeto “Perfil ABES-MG", que destaca a trajetória de Célia Regina Alves Rennó, engenheira civil com especialização em Saneamento pela Escola de Engenharia da UFMG, pós-graduação em Engenharia Ambiental, especialista em Recursos Hídricos e atual representante junto ao Conselho Diretor da ABES Nacional.

O objetivo do programa é criar um espaço para apresentar o perfil profissional de seus associados permitindo assim, que os colegas possam conhecer um pouco de sua história.

Célia Regina Alves Rennó

Fale sobre sua trajetória acadêmica/profissional

Sou engenheira civil com especialização em Saneamento pela Escola de Engenharia da UFMG. Entre 1981 e 1982, fiz pós-graduação em Engenharia Ambiental no Illinois Institute of Technology em Chicago. Em 1994, me especializei em Recursos Hídricos pela Universidade de Lund na Suécia. Além disso, tenho dois MBAs em gestão de empresas de saneamento, um pela Fundação João Pinheiro e outro pela Fundação Dom Cabral.

No início da carreira, trabalhei em projetos de água e esgoto em empresas de consultoria e, em 1983, iniciei minha trajetória na Copasa MG onde trabalhei até 2022 nas áreas de projetos, meio ambiente, recursos hídricos e desenvolvimento operacional.

Como você conheceu a ABES?

Ainda como estudante de engenharia na UFMG, em 1977, ingressei na ABES-MG incentivada pelo saudoso professor Ysnard Machado Ennes.

Conte um pouco sobre os desafios e as vantagens de ter atuado em uma das maiores Companhias de Saneamento do Brasil?

Iniciei meus trabalhos na Copasa na área de projetos de sistemas de esgotamento sanitário convidada pelo engenheiro Valter Vilela, que era então superintendente da mesma. O objetivo principal foi desenvolver projetos de esgotamento sanitário na Região Metropolitana de Belo Horizonte com foco, inicialmente, no projeto da ETE Arrudas. À época, a Copasa tinha somente nove pequenas ETEs e tratava somente 2% dos esgotos coletados. Durante os trabalhos, a equipe integrada por vários técnicos da Copasa, empresas de projetos e consultores, inclusive internacionais, teve a oportunidade de desenvolver diferentes sistemas de tratamento para Minas Gerais e conhecer processos similares implantados em muitos locais e países. Ao longo dos anos, tive o privilégio de acompanhar a implantação de diversos desses projetos, além de avaliar sua operação e os resultados sanitários e socioambientais obtidos pela ampliação dos sistemas de coleta e tratamento de esgotos. Deixei a Copasa em 2022, nesta data uma empresa com mais de 200 ETEs que tratavam 85% dos esgotos coletados.

Qual foi o trabalho que você considera mais marcante em sua carreira?

Viver a evolução do tratamento de esgotos na Copasa e em Minas Gerais foi o que mais me marcou. Ao iniciar minha atuação na Copasa, grande parte do seu corpo técnico e gerencial questionava a importância do tratamento de esgotos e a população em geral desconhecia sua necessidade e seus benefícios. Viver a evolução das equipes da empresa e da consciência ambiental das novas gerações até os dias de hoje, quando há uma cobrança generalizada por mais eficiência na gestão e no uso da água e no controle da poluição, dá a nós, técnicos que atuamos na área, a esperança de atingir a tão sonhada universalização dos serviços de saneamento.

Você vem participando ativamente das atividades da ABES, sendo associada desde 1977. O que toda essa atuação agregou para sua vida profissional?

Para mim, a Abes abriu uma rede de contatos e de troca de experiências muito rica, pois agrega em seu corpo de associados os melhores técnicos da área de saneamento ambiental do país e promove em seus cursos, seminários e congressos uma rica troca de experiências, discussões e desenvolvimento de trabalhos nacionais e internacionais, indispensáveis para a evolução do setor.

Atuar nos diversos cargos da diretoria da seção Minas Gerais, inclusive na presidência da Seção, de 2011 a 2015, bem como na diretoria nacional por dois mandatos, me levou a conhecer o desafio que é mostrar e valorizar junto aos seus associados e a população em geral a importância do trabalho voluntário de atuação e representação técnica que instituições como a Abes realizam.

Como você vê o papel da ABES para a área do Saneamento e para a sociedade?

A Abes tem como importante missão de contribuir para o desenvolvimento do saneamento ambiental no país e promover atividades técnico-cientificas, político-institucionais e de gestão visando a universalização dos serviços de saneamento. Para fazer isso, conta com o trabalho voluntário de milhares de associados que contribuem na realização de seus diversos eventos e que participam das discussões e deliberações realizadas em diversos fóruns participativos do país, nos níveis municipal, estadual e federal tais como comitês de bacia, conselhos ambientais, de recursos hídricos, de saneamento e tantos outros.

A participação da sociedade nesses fóruns consultivos e deliberativos é importantíssima para a construção de sistemas mais democráticos e sustentáveis e a presença de técnicos preparados da área de saneamento e meio ambiente, alinhados com a missão da Abes, contribui significativamente neste processo.

Quais são suas expectativas para o congresso da ABES?

Espero que após a pandemia o Congresso volte a contar com muitas presenças e reúna novamente as autoridades e técnicos do setor para as importantes discussões e posicionamentos na área de saneamento ambiental que o país precisa. Também temos expectativas de uma retomada da Fitabes, com muitas novidades para os milhares de visitantes, além da apresentação de muitos trabalhos técnicos em alto nível. Os mineiros sabem receber muito bem os congressistas, como mostramos em 1977 e 2007. Sabemos que essa receptividade tem se aprimorado a cada ano e que sempre há algo novo a se fazer e conhecer em BH e em Minas. 

Quais livros você indicaria como obras que precisam ser lidas?

Depois da recente aposentadoria, em janeiro de 2022, minhas atividades tem se concentrado em leitura de obras de ficção e muitos filmes! Estou dando um tempo nas atividades técnicas, mas para não deixar sua pergunta sem resposta, indicaria um livro que estou terminando de ler sobre política global: “Prisioneiros da Geografia” de Tim Marshall. Ele apresenta uma perspectiva interessante para os conflitos e problemas do desenvolvimento social e humano em regiões estratégicas de todo o mundo.