PERFIL ABES-MG

Confira mais uma entrevista do Projeto “Perfil ABES-MG", que destaca a trajetória de Rogério Pena Siqueira, ex-presidente da Seção Minas Gerais da ABES e atual representante junto ao Conselho Diretor da ABES-DN.

O objetivo do programa é criar um espaço para apresentar o perfil profissional de seus associados permitindo assim, que os colegas possam conhecer um pouco de sua história.

Rogério SiqueiraSou Rogério Pena Siqueira, mas prefiro ser conhecido como Rogério Siqueira. Nasci em BH, sou engenheiro civil, tive uma trajetória na construção civil durante cinco anos em Lisboa Portugal, onde nasceu minha primeira filha, Luiza. Sou pai de 2 filhos, sendo o segundo filho o Pedro. Em 1993, voltei ao Brasil e iniciei atividade na construção civil e no terceiro setor com a construção de moradias por auto-gestão, além de ter bastante atividade nos conselhos de habitação e meio ambiente de Belo Horizonte. Em 1999, fiz pós-graduação em qualidade e produtividade na construção civil, na FUMEC, universidade onde me formei e que, em 2009, completaria meu mestrado com foco em energias renováveis e meio ambiente.

Neste tempo, exerci na Prefeitura de Belo Horizonte - onde me efetivei através de concurso público como engenheiro civil em 2005 - várias funções técnicas e de gestão, como gerente de licenciamento urbanístico e ambiental, gerente de parques, diretor da Fundação de Parques, Diretor da SLU de planejamento e operacional. Fui diretor geral do DMAES de Ponte Nova, Secretário Regional do Barreiro, Presidente da MGS, e Presidente da ABES-MG por 2 mandatos.

Ainda trabalhei ativamente nos conselhos municipais de Saneamento (COMUSA), Conselho da Fundação de Parques, Conselho da Fundação Zoobotânica, COPAM, Conselho Consultivo da Fundação RENOVA, dentre outras representações em conselhos e instituições pela ABES.

Hoje estou diretor de uma empresa distribuidora de produtos para usinas solares fotovoltaicas, a BESOLAR, uma empresa com faturamento perto de 1,2 bilhões de reais anuais.

 

Como você conheceu a ABES?

Conheci a ABES através do AMOR, pois minha namorada e hoje esposa era vice-presidente da ABES-MG, quando nos conhecemos e a partir daí comecei a frequentar o ambiente tendo em seguida me filiado.

 

Você já atuou como presidente da ABES-MG e vem participando ativamente das atividades da associação. O que toda essa atuação agregou para sua vida profissional?

A ABES me abriu o maior campo de relacionamento em minha vida, além de todo o grande aprendizado na convivência com o setor e os excelentes profissionais, com os quais aprendi mais que em qualquer mestrado ou doutorado possível em uma vida profissional. A cada dois anos, os seus congressos nos elevam o nível técnico, trazendo o estado da arte do saneamento para cada capital do país, com uma múltipla possibilidade de agregação de conhecimento e de relacionamento no setor.

 

Conte um pouco sobre os desafios e as vantagens de ter atuado no setor público.

O setor público é essencial para a vida de uma sociedade, nele a gente entende a realidade e as dificuldades do que é público. Aprende a respeitar o que é de todos e lutar por políticas públicas que transformem uma sociedade para melhor. São sempre grandes os desafios no setor público, principalmente para quem, como eu, tenta mudar realidades e implantar tecnologias ou trabalhar por avanços. Me sinto bem ao olhar para traz e ver que posso voltar com cabeça erguida por onde passei, sempre recebendo reconhecimento pelo que fiz.

 

E os desafios e as vantagens de empreender no setor de energia solar (setor que vem crescendo de maneira exponencial no Brasil)

A energia solar neste ano ultrapassou a geração de energia eólica, correspondendo a aproximadamente cerca de 27% da matriz energética. É uma fonte de energia limpa e de fácil implantação, por isto a velocidade em que se alastra pelo país. Por essa razão, é um setor muito concorrido e é ai que vejo o desafio. Permanece quem tem condições comerciais, mas principalmente, quem tem condições técnicas e de desenvolvimento, visto que as tecnologias avançam a todo momento. É uma energia que, enquanto tivermos Terra e Sol, temos condições de expansão e esta é a vantagem do Brasil em relação aos países desenvolvidos, como EUA e Europa. Pois, quando têm terra, não têm sol, e vice-versa.

A possibilidade e perspectiva de crescimento é enorme visto que a demanda de energia no mundo, e no Brasil não será diferente, é crescente. Imagine se a frota de veículos passa para 10% do total dos veículos no Brasil. Além disto países da Europa estão mudando a matriz energética para combustíveis menos poluentes e que reduzem o efeito estufa, como o Hidrogênio. O Brasil pode ser um grande exportador deste gás, já que para produzi-lo é necessário uma disponibilidade enorme de eletricidade para o processo de hidrólise. E esta energia certamente sairá em parte da energia solar.

Outra boa perspectiva é que os painéis solares degradam e perdem eficiência com 25 anos, portanto o mercado é permanente, já que teremos que substituir estes elementos com o tempo, sem falar no mercado de logística reversa e reciclagem destes produtos.

 

Como você vê o papel da ABES para a área do Saneamento e para a sociedade?

A ABES tem papel fundamental para a universalização do saneamento no Brasil, com suas proposições de políticas públicas, com sua contribuição técnica ao setor, com a formação de pessoas e a divulgação do status quo do saneamento em nosso país.

É uma instituição sem fins lucrativos e isto importa muito em relação às influências econômicas possíveis numa instituição com viés de regulação e de desenvolvimento de um serviço público, que deve ser universal. Penso que a ABES nunca deve perder este foco da contribuição para a universalização do saneamento. Depois desta meta atingida a instituição ainda terá muitos desafios, na contribuição para as questões de eficiência e regulação do setor no país.

 

Quais são suas expectativas para o congresso da ABES?

A melhores possíveis, visto que a cada congresso vemos um evento maior e melhor. Sabendo que este é uma retomada após uma pandemia, a expectativa é ver os melhores painéis de saneamento do mundo, aqui em BH, além dos melhores trabalhos técnicos para o desenvolvimento do saneamento. Creio que também veremos por lá algo do setor de energia ligada ao saneamento, uma vez que o segundo insumo do saneamento, depois de mão de obra, é energia.

Saúde e Saneamento para todos!