São Paulo não trata adequadamente quase 40% de seu esgoto



As situações mais críticas estão na Região Metropolitana, que envolve 39 municípios. O estado que mais investe em saneamento básico no país também registra mais de 30% de perdas de água na distribuição.Quando o assunto é saneamento básico, São Paulo é considerado exemplo, a grande locomotiva do Brasil. Dos R$ 11,5 bilhões investidos no país em 2016, quase metade saiu dos cofres paulistas. Porém, o Estado que mais investe ainda apresenta números ruins em duas áreas: tratamento de esgoto e perdas de água na distribuição. O presidente do Instituto Trata Brasil, Edson Carlos, avalia que esses são os principais desafios para o próximo governador na área ambiental.

 

“Uma água que está pronta para ser distribuída para a população e se perde por vazamentos, por roubo, por gato, por erros de medição. Então, se a gente pegar quase 40% do esgoto que ainda falta tratar e mais a perda de água de 36%, são indicadores que mostram que o Estado de São Paulo ainda tem desafios mesmo sendo o Estado que mais investe”.

 

A falta de tratamento de esgoto ocorre principalmente na região metropolitana de São Paulo, que tem 39 municípios. Não à toa, rios e córregos que cruzam as cidades, como o Tietê, são considerados mortos. Sem contar os problemas relacionados à saúde da população.

Falta de saneamento

 

A estudante Karoline Bernardo convive com a falta de saneamento em Parelheiros, na Zona Sul. Lá, é comum crianças brincarem em áreas com esgoto a céu aberto e, depois, ficarem doentes.

 

“Tem esgoto à ceu aberto do lado das casas. É uma área meio rural com crianças transitando. Então, frequentemente crianças estão com viroses, sempre estão com esse problemas”.

 

A falta de saneamento está entre as principais causas de morte infantil no mundo. Segundo a OMS, a Organização Mundial da Saúde, cerca de 270 mil crianças morrem durante o primeiro mês de vida por não ter acesso à água tratada.

Particularidades de cada município

 

A solução passa por uma articulação geral, que deve ser feita pelo governador. É o comandante do Palácio dos Bandeirantes quem deve coordenar as particularidades de cada município, já que nem todos são operados pela Sabesp, e cobrar os que não avançam.

 

“Você tem muitas cidades grandes sem um tratamento bom. Todo o ABC Paulista, por exemplo, tem pouco tratamento de esgoto. Se você pegar Guarulhos, tem em torno de 5% só. Por isso eu falo da necessidade de ter uma articulação, justamente para que essas cidades caminhem também, rapidamente, para resolver o problema. Se é que a gente vai querer ter um Estado que realmente seja condizente com o seu poder econômico, sua capacidade técnica”.

 

Impactos no saneamento

 

As ocupações irregulares, um problema social de habitação, também geram impactos no saneamento, com moradias erguidas sem coleta de lixo ou esgoto e sem abastecimento de água. Segundo levantamento do Instituto Trata Brasil, a região metropolitana têm cerca de duas mil áreas irregulares. Para Anna Carolina Lobo, da ong WWF Brasil, o caso exige uma ação conjunta de secretarias.

 

“Habitação, Planejamento, Fazenda, Educação, Saúde. São diversas as secretarias que têm que olhar para as regiões prioritárias de ocupação, e as que têm de evitar as ocupações, e fazer todo um pacote de políticas públicas e infraestrutura na áreas que precisam ser ocupadas, em detrimento das outras áreas que não podem continuar com uma taxa de ocupação tão grande”.

 

Fonte: CBN.

30-08-2018