Cerca de 80% da água consumida nas cidades vira esgoto



No Brasil, as políticas e os investimentos em recursos hídricos precisam ser eficientes para defender as bacias, preservar as florestas, os rios, os mananciais e, ainda, promover o tratamento do esgoto em todas a cidades.De acordo com dados da Agência Nacional de Águas, a ANA, as cidades têm os maiores desafios na defesa dos recursos hídricos. As áreas urbanas brasileiras consumiram cerca de 500 mil litros de água por segundo, dos mais de dois milhões de litros retirados na natureza para o abastecimento do país.

 

Quanto ao descarte da água, após o uso pela população, os números da ANA revelam um cenário preocupante: dos 500 mil litros de água retirados da natureza por segundo ao ano, quase 400 mil são descartados como esgoto nas cidades. Destes, menos de 40% são coletados e tratados.

 

A especialista em Políticas Industriais, Ilana Dalva Ferreira, acredita que a falta de saneamento básico de qualidade nas cidades é fruto de má gestão dos recursos hídricos. Para ela, os gestores públicos deixam de construir redes de esgoto nas cidades porque são obras que, normalmente, não são vistas pela população.

 

“Quando o gestor público entender que, se ele investe um real em saneamento, vai economizar quatro reais no posto de saúde, ele vai que é muito mais inteligente você investir em uma companhia de saneamento do que gastar com vários postos de saúde porque as crianças estão com diarreia, porque as pessoas estão doentes. Por que isso não ocorre? Porque construir posto de saúde chama mais atenção do que colocar rede de esgoto”.

 

MP para o saneamento básico

 

O governo Federal estuda editar uma Medida Provisória para ajustar o marco regulatório do saneamento básico e tornar as regras do setor mais simples e padronizadas. O objetivo é facilitar a aplicação de recursos na fomentação de saneamento e atrair parcerias privadas nos projetos de infraestrutura hídrica nos estados. De acordo com a Casa Civil da Presidência da República, o documento está sendo elaborado por uma equipe interministerial formada por técnicos de várias pastas do governo e ainda não tem data para ser divulgado. Além disso, é necessário que haja maior conscientização da população para uso e o descarte corretos da água, como lembra Ilana Dalva Ferreira.

 

“A população precisa entender a importância do saneamento para a vida dela. As pessoas precisam entender que, se elas não tiverem uma água de qualidade na casa delas, e se quando elas dão descarga aquilo não vai para um lugar adequado, elas vão ficar doentes, os filhos delas vão ficar doentes, o rio perto da cidade delas vai ficar poluído. Então, é preciso também que haja uma conscientização das pessoas de que saneamento é primordial para a saúde delas”.

 

Dados da ANA revelam ainda que em cada grupo de 100 pessoas no Brasil, 43 têm acesso à coleta e ao tratamento de esgoto; 18 apenas à coleta; 12 dão solução por conta própria ao saneamento, e 27 não têm nem a coleta e tão pouco o acesso ao tratamento de esgoto.

 

A maior disponibilidade de saneamento básico está nos estados da região Sul do país, onde 65 pessoas, em cada grupo de 100, têm atendimento adequado de coleta e tratamento de esgoto. A maioria da população da região Nordeste ainda não tem acesso aos serviços de coleta e tratamento e, no Norte, menos de 35 pessoas, em 100, têm acesso a saneamento básico.

Fonte: Agência do rádio

03-04-2018