Com a atual realidade da escassez de água e diante de um problema tão grave que assola a humanidade, que pode ficar sem este bem natural para as próximas gerações, mais um duro golpe pode estar sendo arquitetado para a Bacia do São Francisco. Segundo informações, mais uma etapa para a exploração do gás natural nesta Bacia foi vencida e a Agência Nacional de Petróleo (ANP) concluiu a consulta pública da regulamentação dos poços que utilizam a técnica do “fraturamento hidráulico”.
Ambientalistas e estudiosos do assunto estão preocupados com a situação e alertam para a polêmica desta técnica. De acordo com eles, o processo que é proibido na França, Alemanha e Inglaterra é acusado de contaminar reservatórios de água em regiões onde foi utilizado. Nos Estados Unidos a técnica é utilizada, mas, a polêmica ambiental começou quando surgiram indícios de contaminação de depósitos de água com produtos químicos e hidrocarbonetos. Somente neste país foram 20 casos de contaminação do lençol freático. As hipóteses para essa contaminação seriam duas: as fissuras provocadas pela fratura hidráulica acabaram se comunicando com os aqüíferos, ou os poços não foram bem revestidos e houve vazamento no caminho de mais de mil metros entre a jazida e a superfície.
Como explica especialistas, o gás de xisto da Bacia do São Francisco, assim como seus congêneres de outras regiões do planeta, fica retido em rocha com pouca comunicação entre os poros e para ser liberado, é preciso criar fissuras na rocha, ai entra a fratura hidráulica, que consiste na detonação de pequenas explosões subterrâneas e injeção em alta pressão de água, produtos químicos e areia no reservatório.
Para minimizar os riscos com a exploração, a ANP propôs que os concessionários possuam sistemas de gestão ambiental: licença ambiental para atividade; estudo que garantam a proteção de recursos hídricos e outorga adequada para uso e disposição das águas.
Para o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas e coordenador do Projeto Manuelzão, Marcus Vinícius Polignano, a preocupação vai além de propor normas e deve ser repensada. “È preciso refletir sobre o processo e seu efetivo custo-benefício de extração e prejuízos ambientais que serão gerados. A contaminação do lençol freático é um alto preço a se pagar e não queremos isso para nossas Bacias”.
Entenda os processos:
Gás convencional - retido em rochas em que os poros se comunicam, é extraído com facilidade para a superfície.
Gás de xisto
Processo de exploração preocupa ambientalistas. ou não convencional - retido em rochas em que os poros não se comunicam, precisa ser liberado por meio da fratura hidráulica.
Fratura hidráulica – rompimento das rochas que prendem o gás de xisto por meio da injeção de uma mistura de água, areia e componentes químicos na jazida.