Há pouco mais de uma semana, a instalação de uma placa na rua Padre Belchior, ao lado do Mercado Central, na região Centro-Sul da capital, informando a renaturalização do córrego do Leitão, causou rebuliço entre prefeitura e ministérios do Meio Ambiente e da Pesca e Aquicultura, que se apressaram em desmentir o suposto projeto.
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Moradores logo se questionaram sobre os impactos que o projeto de um córrego a céu aberto em meio à paisagem urbana trariam para a região. Mas a ideia, que não deve se tornar realidade no centro da cidade, pode ser implementada no campus da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A pró-reitoria de administração trabalha contra o tempo para começar, ainda neste ano, a reabertura de parte do córrego Engenho Nogueira, que cruza o campus Pampulha, canalizado na década de 1950. A intenção é retirar o projeto do papel antes da posse do novo reitorado, em março.
Dentre as propostas analisadas, a atual gestão sinalizou que deve optar pela reabertura do córrego no trecho da avenida Mendes Pimentel, a principal via de acesso dentro do campus Pampulha, no quarteirão entre a esplanada da reitoria e a Escola de Ciência da Informação. “A ideia é ser um espaço de convívio”, justifica a idealizadora do projeto, a arquiteta Adriana Salles.
Inundações. No entanto, os alunos já revelam suas preocupações. “Sofremos com as inundações aqui. No início deste ano, os carros chegaram a ser levados pela água. Será que a obra não vai nos deixando mais vulneráveis?”, questionou o estudante de engenharia de sistemas Renan Damásio.
A preocupação é justificada, segundo a professora de engenharia do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais Hersília de Andrade. “Córregos mais próximos de áreas de confluência com outros cursos d´água têm mais chances de transbordar”, explica.
Já, para o pró-reitor de administração da UFMG, Márcio Baptista, as intervenções irão melhorar o problema que não foi solucionado com a construção de um reservatório para o córrego no Anel Rodoviário, feito pela prefeitura, em 2010. “Se, hoje, temos um episódio de inundação por ano, a expectativa é que seja um a cada 25 anos”, afirma.
Consultoria indicará impactos da intervenção no trânsito
Outro ponto questionado pelos estudantes diz respeito às alterações no trânsito na avenida Mendes Pimentel. Com fluxo de 22 mil veículos por dia dentro do campus, a via é o principal acesso para quem chega pela avenida Antônio Carlos e também faz a ligação com a portaria da avenida Carlos Luz.
“Passei a chegar mais cedo por causa dos congestionamentos que se formam nas entradas nos horários de pico. Minha aula começa às 19h, mas prefiro chegar até duas horas antes”, conta a aluna de administração Driely Barbosa. A estudante ainda reclama que, com a reabertura do córrego, vagas de estacionamento na via serão perdidas.
De acordo com o pró-reitor de administração, Márcio Baptista, uma empresa de engenharia foi contratada para analisar os impactos e as possíveis soluções.
“Inicialmente, a gente queria que o córrego ligasse a reitoria à Faculdade de Ciências Econômicas, mas vimos que isso não é viável, então uma pista deve ser mantida em um único sentido”, revela Baptista.
Orçamento
Custos. A UFMG analisa quatro sugestões de reabertura do córrego no campus, com previsão de custos de até R$ 7,1 milhões. Algumas obras de recuperação na parte não canalizada, próximo ao Colégio Técnico (Coltec), já começaram.