Belo Horizonte tem se esforçado para cumprir as metas estabelecidas pela Fifa para a realização de uma Copa do Mundo ambientalmente sustentável. Entre elas estão as reduções do consumo de água e de energia e da emissão de gases de efeito estufa, bem como o aumento da reciclagem de resíduos sólidos, a melhoria da qualidade das áreas verdes e o aperfeiçoamento da mobilidade urbana de forma sustentável.
Acredito que todas essas metas seriam mais facilmente atingidas se a capital mineira, em suas propostas de políticas públicas, incluísse incentivos fiscais e leis municipais que buscassem crescimento com sustentabilidade. Há novas tecnologias que podem fazer com que a cidade tenha realmente uma "Copa Verde", mas as iniciativas são tímidas. Ainda enfrentamos desafios que incluem preconceito e falta de informação.
Chicago, nos Estados Unidos, é um exemplo de cidade que, com o incentivo da prefeitura em redução de impostos, está trocando o concreto por belas paisagens verdes, que, aos poucos, amenizam o ambiente urbano saturado e do a ele mais vida. Defini Chicago como um grande tapete verde. E o que constatei na viagem de uma semana com um grupo de arquitetos mineiros do Grupo de Empresas Mineiras de Arquitetura e Urbanismo (Gemarq) foi que a sociedade está sendo contaminada por essa vertente. Cada edificação tem seu telhado verde, que, além de proporcionar beleza, possibilita o recolhimento da água da chuva, que é tratada para uso diverso; a diminuição da temperatura ambiente e o cultivo de hortas.
Os telhados verdes mudam o visual da cidade e ainda garantem benefícios a toda a comunidade, pois a temperatura fica mais amena.
Os edifícios ecologicamente sustentáveis incluem ainda vidros que absorvem menos calor e a utilização de materiais reciclados. É fato que os telhados verdes exigem um pouco mais de investimentos na obra, pois pedem impermeabilização e drenagem benfeitas, mas os ganhos para toda a comunidade são indiscutíveis.
Na Europa e nos EUA, essa cultura vem sendo disseminada há 30 anos, sendo comum a aplicação de vegetação sobre as coberturas. O Brasil, como um todo, estão muito atrasado em termos de soluçõees construtivas dessa natureza. Há poucos projetos em destaque, como o da sede da Prefeitura de São Paulo. Em Belo Horizonte, há de se ressaltar a cobertura do prédio do Banco do Brasil, na área central.
O poder público e a iniciativa privada têm de se conscientizar de que esse é um caminho sem volta. Como exigiram os jovens na Rio+20, temos de agilizar os processos construtivos que envolvam a temática da sustentabilidade. E, para isso, é preciso criar leis que incentivem os prédios verdes, com m?todos construtivos que não agridam o meio ambiente e que apresentem tecnologias para economia e eficiência no uso de água e energia.
Estamos ficando realmente sem tempo. N?o porque temos de ter uma "Copa Verde", mas porque somente a mudan?a de hábitos e de atitude vai garantir um espa?o urbano mais sustentável e com melhor qualidade de vida.