Pacto pela preservação do rio São Francisco

PIRAPORA – Um pacto pela proteção e preservação do Vale do São Francisco foi celebrado pelos participantes do seminário “Rio São Francisco – Patrimônio Cultural e Natural”, realizado em Pirapora, no Norte de Minas Gerais, este fim de semana. Entre outras solicitações, pesquisadores, técnicos e representantes de entidades de defesa da bacia hidrográfica pediram o impedimento de novas barragens e usinas hidrelétricas no rio. O encontro, promovido pelo Hoje em Dia, debateu alternativas sustentáveis para o desenvolvimento do Vale do São Francisco.

No encerramento do seminário, na noite de sábado (31), os participantes assinaram a “Carta de Pirapora”, fruto de dois dias de discussões. O tombamento do rio como patrimônio cultural e natural do Brasil também foi debatido, além de um possível reconhecimento como patrimônio da humanidade pela Unesco. No Brasil, o título somente deverá ser concedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) depois de elaborado o inventário da bacia. Entre as edificações históricas citadas pelos participantes estão as igrejas de Nossa Senhora da Conceição, na cidade de Matias Cardoso, e de Nossa Senhora do Rosário, em Brejo do Amparo, distrito de Januária, além das ruínas da igreja de Mocambinho, em Jaíba.

Também foi reforçada a importância da ponte Marechal Hermes, inaugurada em 1922, do complexo ferroviário de Pirapora, do imóvel da Fundação Caio Martins, em Buritizeiro, e das manifestações culturais da região Norte de Minas.

De importância ambiental, os pesquisadores salientaram o Parque Nacional da Serra da Canastra e as veredas, afluentes regionais e os biomas Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica.

Professores universitários e técnicos de instituições de ensino superior que atuam no Vale do São Francisco reclamaram da ausência deles na realização dos estudos e dos inventários da bacia, e pediram que fossem inseridos no processo. A partir dessa solicitação, foi criada a Rede de Colaboradores, para dar suporte nas ações. O professor Denílson Meireles Barbosa salientou já ter um acervo de pesquisas sobre o rio.

A professora de história Edir Andrada, da Escola Estadual Quintino Vargas, levou os alunos ao seminário. “Os moradores de Pirapora e de todas as cidades ribeirinhas precisam compreender a grandeza da bacia hidrográfica, inclusive na formação do Brasil. Poucos alunos conhecem essa relevância e passam despercebidos de toda a realidade histórica do rio São Francisco”, afirma.

O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, Geraldo José dos Santos, entregou ao Hoje em Dia um diagnóstico sobre a bacia do São Francisco. A documentação pesa cerca de 3,5 quilos. Os dados foram levantados em dez anos de pesquisas. “A iniciativa de promover o seminário faz crescer a responsabilidade com todos que desejam o reconhecimento mundial do rio como patrimônio da humanidade”, salientou.