Rios engolem cidades

Castigada pelas chuvas, a Zona da Mata têm várias cidades em situação de emergência, com famílias desabrigadas, ruas inundadas e desmoronamentos. Em Dona Euzébia, a 293 quilômetros de BH, 70% da área urbana da cidade está alagada. Uma ponte centenária que divide o município ficou submersa e a água do Rio Xopotó chegou a um metro acima do nível normal. A maior parte da cidade está sem luz, água e telefone e cerca de 1,2 mil pessoas tiveram de sair de casa. "Por sorte, não tivemos morte. As pessoas sairam só com a roupa do corpo", contou o prefeito Itamar Toledo. Somente as máquinas da prefeitura e caminhões conseguem trafegar pelos pontos inundados.

A cidade de Guidoval, perto de Dona Euzébia, está ilhada. Uma ponte de acesso ao município foi interditada e é preciso caminhar por nove quilômetros para chegar até lá. Os telefones não funcionam e também não há energia. Na área rural, as plantações estão alagadas e muitos animais morreram afogados. O corpo de um homem foi encontrado, mas não se sabe as circunstâncias da morte. Cerca de 60 pessoas que corriam risco foram resgatadas, de acordo com o Corpo de Bombeiros. Quatro mil moradores estão desalojados e uma pessoa estaria desaparecida.

O município de Ubá decretou situação de emergência. Segundo o coordenador da Defesa Civil municipal, Aldeir Ferraz, 40 barrancos deslizaram e soterraram casas. Cinquenta imóveis estão comprometidos. Uma estação de tratamento de água sofreu assoreamento da barragem e 30 mil dos 98 mil habitantes estão sem água. "

ENCHENTE Muriaé registrou a pior enchente de sua história, de acordo com o coordenador da Defesa Civil municipal, João Franca Ciribelli. A zona rural foi a mais afetada e 90% da malha viária foi atingida. Na área urbana, 19 pontos de deslizamento de terra obrigaram moradores a deixarem suas casas. Cerca de 800 pessoas estão desalojadas e outras 300, desabrigadas. O Rio Muriaé chegou a 5,4 metros e oito bairros foram afetados pela inundação.

Ontem, 35% dos moradores estavam com o serviço de abastecimento de água prejudicado por causa da cheia do principal afluente do Muriaé, o Rio Preto. Na região metropolitana, Brumadinho registrou aumento considerável do volume de água do Rio Paraopeba, que chegou a quase oito metros acima do nível normal. Três bairros estão ilhados e somente um acesso secundário à cidade funciona, passando por dentro de uma mineradora, até chegar a Ibirité.

CHUVA NO NORTE

A chuva, que já deixou 53 municípios mineiros em estado de emergência, deve chegar hoje aos vales do Mucuri e do Jequitinhonha e à Região Norte do estado. O alerta é da Defesa Civil estadual. O coordenador do órgão, coronel Luis Carlos Dias Martins, informou que água tão esperada pelas regiões mais secas do estado pode causar destruição justamente pelo período prolongado sem chuva, já que os moradores não se preparam para o impacto dos temporais. Há 9 mil desabrigados - que perderam o lar - e 404 desalojados - tiveram de abandonar a casa, mas não necessariamente perderam o imóvel - no estado.