Pouca água revela lixo e assoreamento na Lagoa da Pampulha

Era para ser o cartão-postal da cidade. Mas o grande volume de lixo jogado diariamente na Lagoa da Pampulha voltou a chamar a atenção de quem passava segunda-feira (26) pela orla da represa. De acordo com a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), desde o início do mês, as comportas de escoamento da Pampulha estão abertas para evitar acidentes e transbordamentos. Isso porque o volume de água aumenta no período chuvoso. Com mais vazão, o nível da água fica mais baixo do que normalmente, e o lixo acumulado no fundo da lagoa artificial fica exposto.

Ainda segundo o órgão, durante os meses chuvosos, são retiradas, em média, 20 toneladas por dia de resíduos da Pampulha. Nos meses secos, o volume de lixo cai para sete toneladas diárias. Segundo a Sudecap, a chuva carrega grande parte do lixo que é jogado nas ruas dos bairros vizinhos à lagoa.

Para tentar amenizar o problema, a coleta de lixo na água é feita diariamente por sete pessoas, que utilizam dois botes e uma balsa. Nesta semana, a equipe está encarregada de reforçar a limpeza, já que o local é ponto de queima de fogos na virada do ano. Com a festa, o volume de lixo na água e nas margens deve crescer.

Inaugurada em 1943 pelo então prefeito Juscelino Kubitschek, a Lagoa da Pampulha é abastecida por uma rede de córregos com 97 quilômetros quadrados. Essa água nasce e desce por baixo de ruas que estão em Belo Horizonte (44%) e no município de Contagem (56%). Nesse trajeto, os córregos também recebem esgoto doméstico, que atualmente é a principal causa de poluição da represa.

Análises frequentes apontam que, por causa do esgoto, o consumo, o banho e mesmo a pesca na lagoa são desaconselháveis. Desde 2001, uma série de iniciativas está em curso para reduzir também a poluição da água. Até o fim de 2012, em parceria com as prefeituras dos dois municípios, a Copasa deve investir R$ 102 milhões em saneamento.

A estimativa da empresa é de que pelo menos 8 mil famílias, que moram na área da Bacia da Pampulha e contam com rede de esgoto passando em suas ruas, não fizeram a ligação da residência ao sistema de coleta. Ou seja, jogam seu esgoto diretamente na água.

Dos 40 córregos que formam a Bacia da Pampulha, 21 nascem em Contagem. Segundo a Copasa, cinco deságuam diretamente na represa. O Ressaca e o Sarandi, cujas nascentes estão na cidade vizinha a BH, são os maiores poluidores.