Árvores condenadas põem em risco população que transita em calçada ou aguarda ônibus em vias ao redor da área de lazer, no Centro da capital. PBH promete operação especial no entorno
dentro do Parque Municipal Américo Renné Giannetti, no Centro de Belo Horizonte. Dois dias depois da tragédia, o parque foi interditado pela prefeitura para vistoria das 3,7 mil árvores. Desde então, o espaço está fechado para poda e supressão das árvores que foram reprovadas em teste de segurança feito pela equipe da força-tarefa formada por técnicos, biólogos, engenheiros-agrônomos e florestais. No entanto, a medida para prevenir outros acidentes esbarra na falta de cuidado da PBH, que se esqueceu do entorno. Espécimes condenados e com risco de queda estão de pé projetados para fora das grades, pondo em risco os milhares de pessoas que passam pelas calçadas da avenidas Afonso Pena e dos Andradas, Alameda Ezequiel Dias e Rua da Bahia.
A maioria das pessoas que passa pelo local não tem conhecimento do perigo até olhar para cima e perceber que muitas árvores marcadas por uma fita vermelha estão bem ali sobre suas cabeças. Os estudantes Diego Garcia Ribeiro, Stefane Capanema e Caio Roberto Saldanha conversavam ontem em frente ao parque, aproveitando a sombra de uma árovre, e se assustaram ao saber do risco de queda. "Não tínhamos reparado, mas é um absurdo a árvore estar aqui ainda, já que pode cair a qualquer momento. Será que vão esperar outra tragédia?", afirmou Stefane.
Dois pontos de ônibus da Avenida Afonso Pena estão localizados debaixo de árvores com a sinalização do risco. A aposentada Geralda Teixeira de Brito esperava tranquilamente o ônibus para o Bairro Gameleira, na Região Oeste da cidade, e ficou preocupada quando entendeu a indicação de fita nas plantas. "Pego ônibus quase todos os dias aqui e não tinha nem ideia de que posso ser outra vítima", comentou. O universitário Vitor Souza também se indignou com a ameaça sobre a cabeça. "Corria no parque todos os dias, já me sentei diversas vezes debaixo das árvores. Acho que a prefeitura tinha de olhar com mais seriedade para isso. Se uma árvore cai aqui, pode machucar e matar muita gente. Imagine se isto ocorrer no dia da feira", alerta.
A preocupação tem fundamento. Maria de Fátima Ferreira não foi a primeira vítima das árvores do Parque Municipal. Em 27 de março de 2000, um tronco de 70 quilos desprendeu-se de um eucalipto, destruiu uma banca de revistas fora do parque e matou o fotógrafo Almir do Santos Xavier, de 35 anos. Ele dormia dentro de uma Kombi, estacionada perto da portaria do parque na Avenida dos Andradas. Na época, o secretário municipal de Meio Ambiente, Juarez Amorim, garantiu que a manutenção das áreas verdes estava em dia.
A Fundação de Parques, responsável pela retirada das árvores que representam risco, informou que está sendo programada uma operação conjunta com a BHTrans, o Corpo de Bombeiros e a PBH para a retirada dos espécimes ameaçados perto das grades da Avenida Afonso Pena. Até ontem, porém, não estava prevista a data para a supressão ou poda das árvores.