Brasília - Diante da pressão exercida por autoridades que cobram providências contra a petroleira norte-americana Chevron, o presidente da empresa no Brasil, George Buck, afirmou ontem que a companhia assume "total responsabilidade" pelo vazamento de óleo que atinge há 14 dias a Bacia de Campos, no litoral do Rio de Janeiro. Ele reiterou que o derramamento ocorrido no Campo de Frade foi interrompido e negou que a Chevron tenha disparado jatos de areia para empurrar o petróleo para o fundo do mar - prática irregular.
De acordo com Buck, o óleo que restou nas rochas do fundo marinho ainda forma volumes que sobem à superfície, mas em menor quantidade. Segundo ele, a empresa subestimou a pressão do reservatório perfurado e superestimou a solidez da formação rochosa no fundo do mar. O rompimento de uma das paredes de rocha do poço pode ter despejado o equivalente a até 3,7 mil barris diários de petróleo nos primeiros dias de vazamento. "Qualquer óleo na superfície do oceano é inaceitável para a Chevron", admitiu o executivo.
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) divulgou nota ontem, na qual informa que o vazamento diminuiu, mas não cessou. A mancha de óleo, porém, continua se afastando da costa fluminense. Técnicos da agência estiveram no sábado na plataforma para acompanhar as atividades da Chevron, que vai abandonar o poço, e para coletar mais dados sobre o acidente.
O desastre provocado pela petroleira terá de ser explicado no Congresso. O deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP) afirmou ontem, em nota divulgada à imprensa, que pretende convocar membros da Chevron para falar sobre o vazamento. Ele vai apresentar requerimento à Comissão de Minas e Energia da Câmara, com o pedido de realização de uma audiência pública.
"As informações desencontradas fornecidas pela Chevron e a ANP só elevam o grau de incertezas sobre o que de fato está ocorrendo naquele campo de extração de petróleo", destacou o deputado. O delegado da Polícia Federal Fábio Scliar, responsável pelas investigações do caso, disse que vai ao Congresso na quinta-feira para falar sobre o acidente. No sábado, Scliar adiantou que deverá indiciar a petroleira por crime ambiental.
BANALIZAÇÃO O secretário de Meio Ambiente do Rio, Carlos Minc, adiantou que vai defender "uma punição exemplar" aos responsáveis pelo vazamento. "Há uma tendência de banalizar esse acidente, mas é preciso lembrar que foi muito grave e, o principal, que era evitável", afirmou Minc.
Minc alertou ainda que houve negligência da empresa responsável pela perfuração do poço, a Transocean. Segundo o secretário, a Transocean fez trabalho semelhante em poço no Golfo do México, onde, em 2010, ocorreu o maior vazamento de óleo da história dos Estados Unidos. Minc frisou, porém, que a empresa não poderá ser a única responsabilizada. "A Chevron também é corresponsável pela lambança que as parceiras tenham feito. A lei brasileira é clara. Você contratou, você é responsável."