Uma área verde com 38 mil hectares, mil nascentes, cem cavernas e fósseis de até 40 milhões de anos, cuja preservação ambiental é incerta. A serra do Gandarela, que permeia oito municípios da região metropolitana de Belo Horizonte, é alvo de disputa entre ambientalistas, empresários da mineração e moradores das cidades vizinhas. De um lado, defensores do meio ambiente querem a criação de um parque de preservação (Parque Nacional da Serra do Gandarela). Do outro, mineradoras se movimentam para explorar a região, uma das poucas que ainda não sofreram o impacto da mineração.
Até o próximo domingo, o Movimento pela Preservação da Serra do Gandarela realiza uma série de debates e oficinas para discutir o assunto. A ação acontece ao mesmo tempo em que uma ação civil pública ajuizada na última quarta-feira pelo Ministério Público Federal (MPF), exige agilidade na criação do parque nacional.
O projeto está emperrado desde o ano passado no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O MPF quer que o órgão ambiental realize, até julho de 2012, consultas públicas que irão definir a criação da área de preservação.
A demora na definição preocupa pesquisadores e ambientalistas. "A região tem recursos hídricos e ambientais, biodiversidade, valores culturais e científicos. Não podemos deixar acontecer no Gandarela os impactos causados no restante do Quadrilátero Ferrífero", disse a integrante do movimento, Maria Tereza Corujo.
Para o geógrafo André Salgado, as consequências para a mineração serão muito pequenas caso o setor não tenha autorização para explorar o Gandarela. "Nenhuma empresa vai fechar se não explorar o Gandarela".
Vale aguarda licenciamento
Uma das empresas interessadas na exploração de minério na serra do Gandarela é a Vale. A companhia planeja a implantação do projeto Apolo, ainda em fase de licenciamento e com previsão de início para 2014.
Para o biólogo Flávio Fonseca, a atuação de mineradoras no local colocaria em risco o meio ambiente. "É uma área de rochas ferruginosas, com espécies de fauna e flora ainda desconhecidas. É um patrimônio ambiental muito relevante". A empresa informou, em nota, que segue rigorosamente os trâmites legais para a futura exploração. (RRo)