Na segunda-feira, 7 de novembro, a CUT e sua FNU (Federação Nacional dos Urbanitários), junto com importantes movimentos sociais, fizeram o lançamento oficial da campanha "Água para o Brasil. Um direito de todos não pode virar lucro de alguns".
A campanha pretende conquistar apoio da opinião pública para que os sistemas de tratamento e fornecimento de água permaneçam sob controle público, e não sejam privatizados através do modelo das PPPs (Parcerias Público-Privadas).
O lançamento oficial da campanha aconteceu em Maceió (AL), com a realização de um seminário na Assembleia Legislativa e com um ato político no centro da cidade. Maceió foi escolhida como base de lançamento da campanha porque no Estado de Alagoas a proposta de PPPs no setor da água tem atraído muitas prefeituras e por isso avança com mais rapidez.
Porém, lançamentos como esse vão acontecer em todo o Brasil ao longo dos próximos meses, com o objetivo de demover administradores públicos da intenção de privatizar a água.
Para esse esforço, a FNU-CUT - que congrega os trabalhadores brasileiros do setor de energia e saneamento - está caminhando lado a lado com movimentos sociais como a coordenação nacional do MAB (Movimento de Atingidos por Barragens), Conam (Confederação Nacional das Associações de Moradores), Assemae (Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento) e entidades como a Fisenge (Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros) e a ISP (Internacional de Serviços Públicos).
A campanha "Água para o Brasil" vai combinar ação política junto aos poderes Executivo e Legislativo, em todo o País, com peças publicitárias como filmes para internet, comerciais para rádio, anúncios para jornais e revistas, faixas para internet e panfletos para distribuição em locais públicos. A CUT e a FNU solicitam que as entidades filiadas façam parte desse esforço, reservando espaços em seus veículos de comunicação para os materiais de divulgação já produzidos. No próximo dia 10 de novembro, quinta-feira, na sede da FNU em São Paulo, haverá café da manhã para jornalistas sindicais e de veículos parceiros com o objetivo de apresentar a campanha.
O que está em jogo
A água é um bem público, de interesse social e com valor estratégico para o País. Diante da conjuntura internacional, a água vai se consolidando também como um bem de grande valor, dada a escassez que muitos especialistas preveem, e por isso atrai a cobiça de grupos transnacionais do mesmo modo que historicamente o petróleo tem feito.
Na avaliação da FNU-CUT, ao escolher o sistema de PPPs para iniciar novos investimentos em construção de estações de água e esgoto e para ampliação das redes de distribuição, prefeituras e governos estaduais incorrem em alguns riscos bastante graves.
Um desses riscos é que quem mais precisa de água vai ficar sem. "Se o poder público chama investidores privados para investir no setor, se alia a grupos que visam apenas o lucro. Portanto, esses investidores não vão atuar nas áreas mais carentes de abastecimento, como favelas e fundos de vales", explica o presidente da FNU, Franklin Moreira Gonçalves.