Novo governo

Novo presidente de Furnas Centrais Elétricas, o engenheiro Flávio Decat de Moura, promete renovar o modelo de gestão para a estatal, que de uns tempos para cá deixou as páginas de economia e passou para o noticiário político, por causa de disputas partidárias e denúncias de chantagem e irregularidades envolvendo a estatal. "Minha gestão será profissional. tranquila, pacífica", afirmou ontem Decat, em entrevista ao Estado de Minas, logo após o anúncio feito pelo ministro das Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA), de que ele assumirá o comando da estatal. Decat disse que a indicação para o comando de Furnas é muito especial , pois foi na estatal que ele começou sua carreira no setor elétrico. O engenheiro não quis comentar a polêmica envolvendo a disputa pelo cargo.

A confirmação de Decat foi uma resposta da presidente Dilma Rousseff à briga em torno da indicação para o comando de Furnas. A petista, que prometeu mudanças no setor elétrico, escolheu, em conjunto com o PMDB, um técnico da área. Grupos de peemedebistas ligados ao deputado federal Eduardo Cunha (RJ), que tinha grande influência sobre a estatal, pressionavam para indicar o novo presidente de Furnas.

Na semana passada, Cunha chegou a fazer ameaças veladas pelo twitter, e a oposição ensaiou criar Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar Furnas. Lobão informou ontem que todos os diretores da estatal colocarão seus cargos à disposição e que os novos nomes serão discutidos em conjunto com ele e Decat e depois levados para a aprovação de Dilma. A indicação do executivo, respeitado no setor elétrico, contou também com o aval do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e do próprio Lobão.

Ex-diretor da Cemig, o novo presidente de Furnas é considerado por funcionários da companhia como um executivo com "uma capacidade de trabalho fantástica". Foi na gestão dele, como diretor de finanças da estatal mineira de energia, que a Cemig iniciou o processo de aquisições que a levaria ao posto de uma das principais concessionárias de energia do país. Decat é apontado também como um dos responsáveis pela recuperação de um crédito de R$ 3 bilhões que a companhia mineira detinha junto ao Estado, proveniente da Conta de Resultados a Compensar (CRC).

Faxina Com a confirmação do nome de Decat para Furnas, Dilma começou a faxina no setor. A intenção dela é trocar todos os dirigentes das empresas do setor elétrico, responsáveis por investimentos de R$ 8,2 bilhões. Além de passar por cima das pressões do PMDB na Câmara para manter Furnas sob sua tutela, a nomeação reabriu a divisão interna entre os peemedebistas dessa Casa e os do Senado e criou mais uma crise entre o governo e a segunda maior bancada governista.

Os deputados do PMDB desconfiam que a escolha de Decat tenha sido feita pelos senadores do partido - em rota de colisão com parcela da legenda na Câmara. Só que o nome foi chancelado pela presidente, amiga do engenheiro, com quem já trabalhou nos tempos em que era ministra de Minas e Energia. "Eu e Dilma queremos Decat", resumiu o ministro de Minas e Energia.

Por pouco, Dilma não anunciou também o novo presidente da Eletrobras. O mais cotado é o ex-dirigente da Cemig José Costa Carvalho. Ontem, a presidente bateu o martelo sobre a Fundação Nacional de Saúde (Funasa). O órgão será gerido por Ruy Gomide, ex-superintendente em Goiás.

O presidente do Banco Safra, Rossano Maranhão, foi convidado para assumir a Infraero, dona de um orçamento para investimentos de R$ 2,2 bilhões. Há dúvidas se Maranhão deixará o alto salário do banco para voltar ao serviço público.


Quem é o novo presidente de Furnas
Flávio Decat de Moura, 64 anos

Mineiro, engenheiro elétricoeletrônico formado pela Universidade Federal de Minas Gerais em 1969

Presidiu a Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras, de 2001 a 2003, e a Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig), de 2004 a 2007

Foi também diretor de Finanças, Participações e de Relações com Investidores da Cemig no período de 2003 a 2007

Em 2008 foi eleito diretor-presidente do Sistema Eletrobras

Atualmente trabalha como executivo da Rede Energia, empresa privada que reúne nove distribuidoras de energia do país

 

Jornal " Estado de Minas", 4/2/2011