A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) aproveitou a Conferência das Partes sobre o Clima (COP-16), da Organização das Nações Unidas (ONU), na semana passada, em Cancún, no México, para lançar o projeto Biomas. A iniciativa inédita no Brasil foi desenvolvida em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Seu objetivo, ao longo de nove anos, é promover pesquisa e compartilhamento de informações nos seis biomas brasileiros (Amazônia, caatinga, cerrado, mata atlântica, Pantanal e pampa), tendo como meta maior conciliar a produção rural e a preservação ambiental. Dessa maneira, o governo, as classes rural e científica assumem posição de protagonismo diante do maior desafio da atualidade: fazer frente à demanda crescente por alimentos com o compromisso da sustentabilidade e da preservação. Em 2050, a população global será de 9 bilhões, o que demandará um aumento de 70% na produção de comida.
Como o Brasil é um país de 851 milhões de hectares e alcançou liderança mundial na produção de alimentos conservando 56% da sua cobertura vegetal original, as expectativas em torno do projeto são as melhores possíveis. Vale lembrar que em 2009 o agronegócio representou 23,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, 42,5% das exportações nacionais e gerou aproximadamente 37% dos empregos. Nos próximos anos, o Brasil deverá superar o desafio de aumentar sua produção de alimentos com baixo custo e alta qualidade, preservando seu enorme patrimônio ambiental. "Vamos mostrar ao mundo que o Brasil não é apenas um grande produtor de alimentos, mas que suas práticas agrícolas são baseadas em sólidas técnicas científicas e ambientalmente sustentáveis", garantiu a presidente da CNA, senadora Kátia Abreu (DEM-TO).
O Projeto Biomas, que contará com orçamento de R$ 40 milhões, terá a utilização da árvore na atividade rural como eixo dos projetos de pesquisa. As florestas devem servir como alternativa para diversificação dos sistemas produtivos na propriedade rural e na composição das Áreas de Preservação Permanente (APPs) e seus entornos, representados pela reserva legal (RL) e área de uso alternativo (AUA).
No momento estão sendo demarcadas e estudadas várias unidades demonstrativas do Projeto Biomas, que serão showrooms de técnicas de produção sustentável. Assim, o produtor rural brasileiro poderá escolher o melhor para a sua propriedade a partir de exemplos reais, já colocados em prática.