A situação do Brasil em relação à perda de água tratada é grave. A afirmação é do coordenador do Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento (Snis), do Ministério das Cidades, Ernani Ciríaco de Miranda, que afirmou que os números de desperdício de água tratada, "com raras exceções, são sempre muito altos". Segundo ele, há alguns anos a perda de água no país varia entre 37% e 42%.
Segundo Miranda, uma média de perda de água tratada aceitável para o Brasil seria 25%. Ele explicou que, para isso, o país tem de melhorar o sistema de distribuição à população, o que envolve conserto de vazamentos e solução para o problema da não contabilização de água, seja por roubo, por falta de aparelhos ou por erros de medição.
De acordo com o Snis, transformando o volume de água perdida em dinheiro, o prejuízo chegou a atingir R$ 7 bilhões em 2008. Desse total, 60%, correspondente a R$ 4,2 bilhões, poderiam ser recuperados com maior eficiência no sistema de abastecimento.
A perda de água tratada na distribuição subiu 0,5 ponto percentual no Brasil entre 2008 e 2009, passando de 41,1% para 41,6%. Já a perda de faturamento, que compara o volume de água disponibilizado para ser distribuído com o volume que é faturado, mostrou índice de 37,1%, o menor valor da série iniciada em 1995. Ela embute vazamento na rede e tudo que é desviado por meio de ligações clandestinas e erros de medição, entre outros fatores.
"A perda no faturamento é menor do que na distribuição porque os critérios de faturamento das operadoras e autarquias no Brasil acabam levando a uma situação onde se fatura mais do que aquilo que é consumido", explicou o coordenador do Snis.
A perda de faturamento observada foi 54,1% em 2009, contra 49,6% em 2008. O aumento do índice de perda se deve, segundo Miranda, à piora no desempenho dos sistemas operados pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae).