Reservatórios de água em nível crítico na RMBH

Sem chover desde o dia 11 de junho, Belo Horizonte registrou ontem o dia mais quente do Inverno, com 33,3 graus. Além do calor, a umidade relativa do ar chegou a 19%, índice considerado crítico pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Uma frente fria que se aproxima da Região Metropolitana de Belo Horizonte deve amenizar o calor a partir de hoje e melhorar a qualidade do ar, mas não há previsão de chuva para os próximos dias.

Com a estiagem prolongada os rios e córregos que abastecem a Região Metropolitana estão com o nível mais baixo. No sistema Rio Manso, em Brumadinho, o reservatório está dois metros mais baixo, devido à seca. A Copasa informou que não há risco de desabastecimento.

Na Lagoa Várzea das Flores, que abastece algumas regiões de Betim e Contagem, na Região Metropolitana, o nível da represa está quatro metros mais baixo. "Eu cheguei a levar cinco quilos de peixe para casa quando a lagoa está cheia. Com a seca, os peixes sumiram. Não consigo pegar nem meio quilo por dia", reclama o pescador Pedro Mello Santos,de 45 anos, morador de Betim.

O clima de deserto foi ainda mais crítico em Montalvânia, no Norte de Minas, onde a umidade relativa do ar chegou a 13%. Em João Pinheiro, no Noroeste do Estado, o índice foi de 14%.

O meteorologista Cléber Souza, do 5º Distrito de Meteorologia, informa que o índice mais baixo em Belo Horizonte foi no dia 4 de agosto, quando a umidade relativa do ar chegou a 18%. Segundo ele, no dia 12 de agosto a cidade de Unaí registrou 12%, índice mais baixo do ano no Estado.

"Com pouca partículas de água no ar, as pessoas podem até desmaiar quando o índice fica abaixo de 15%. O ideal é que as aulas sejam suspensas quando o índice for abaixo de 12%", declara o médico Geraldo Mello Bragança, de 45 anos.

A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) distribuiu alerta para o Sul de Minas e o Centro-Oeste e reforçou as equipes que trabalham na manutenção da rede da Cemig. Nestas regiões havia risco de ventos fortes e quedas de raios a partir de ontem à noite e para todo o dia de hoje. Em função de uma frente fria que atingiu São Paulo e o Rio de Janeiro, também há previsão de chuva na Zona da Mata. Em algumas cidades, como Barbacena, onde a unidade relativa do ar chegou a 25% na segunda-feira, o índice subiu para 80% ontem à tarde com a aproximação da frente fria.

Balanço da Coordenadoria de Estado de Defesa Civil (Cedec) revela que aumentou em 36,4% o número de cidades do Estado que decretaram situação de emergência por causa da seca.

Em 1º de junho deste ano eram 76 cidades nesta situação, mas ontem este número passou para 104. As regiões mais atingidas são o Norte de Minas, Noroeste do Estado e alguns municípios do Vale do Rio Doce.

No Norte de Minas não chove há 101 dias e no Noroeste há 95 dias. "Os rios da região e estão secando e está começando a faltar água o gado", afirmou o pecuarista Antônio Izidoro Souza, de São Romão, no Norte de Minas, onde a unidade relativa do ar chegou ontem a 15% e não chove há 110 dias. Segundo o pecuarista, na área rural da cidade nos últimos dois dias as crianças não estão indo para a escola. "Toda plantação de milho e feijão está perdida. Não tenho água para molhar as mudas que foram plantadas na semana passada", disse Antônio Izidoro.