UFMG mapeia conflitos ambientais

Questões ligadas ao saneamento - como aterros sanitários, lixões e áreas que recebem esgoto sem tratamento - são o maior motivo de conflitos ambientais no Estado. De um total de 541 brigas entre moradores e empreendedores ou o Estado, registrados entre 2007 e 2010, 120 estão ligados ao tema. Esta é apenas uma das constatações do Mapa dos Conflitos Ambientais de Minas Gerais, uma coletânea de casos coordenada por um grupo de pesquisadores da UFMG.


O Mapa foi lançado nesta segunda-feira (6), no Campus da Pampulha, e já está disponível na internet. O endereço eletrônico é http://conflitosambientaismg.lcc.ufmg.br. A retirada, reassentamento ou expulsão de comunidades afastadas isoladas e grupos tradicionais, como os indígenas, quilombolas e moradores do entorno de reservas e parques do Estado também são motivo de um grande número de ocorrências. As "vítimas" dos Parques são motivo de uma série de reportagens, publicadas ao longo desta semana pelo Hoje em Dia.


O mapa é resultado de um projeto de pesquisa realizado no período pelo Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais (Gesta) da UFMG. Os dados foram coletados em parceria com o Núcleo de Investigação em Justiça Ambiental da Universidade Federal de São João del-Rei (Ninja/UFSJ) e com pesquisadores do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Social (PPGDS) da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).

"Conseguimos reunir todos os processos envolvendo conflitos em andamento nos ministérios públicos Estadual e Federal. Além disso, fizemos vários chamamentos públicos, nas 12 regiões administrativas do Estado, e conseguimos ouvir pessoas que não tinham voz até então", explica a coordenadora do Gesta, professora Andréa Zhouri.


Segundo ela, uma vez na internet, o mapa deverá ser atualizado constantemente. Além dos conflitos de vizinhos de áreas com problemas de saneamento e dos vizinhos de parques e comunidades indígenas e quilombolas, a atividade mineradora, a indústria alimentícia e a silvicultura, em especial as grandes plantações de eucalipto no Vale do Jequitinhonha, aparecem como focos de muitos conflitos.


Para a procuradora do MPF em Minas, Zane Cajueiro, o trabalho é uma parceria positiva. "Este mapa é uma iniciativa onde todos ganham. Do Ministério Público, que precisa de laudos técnicos, à Universidade, onde estão os técnicos e que precisa produzir conhecimento", destaca.