Votação do Código florestal é adiada para próxima semana

Depois de um dia de intensas negociações sobre o novo texto, diante da iminente derrota, o governo decidiu adiar para próxima semana a votação do Código Florestal Brasileiro.

"Nós detectamos um movimento no plenário de muitos deputados que diziam que iam votar conosco, mas na realidade iam votar de outro jeito", disse o líder do governo, Candido Vaccarezza (PT-SP), ao defender o adiamento da votação para a próxima terça-feira (17). Antes de decidir o adiamento, Vaccarezza telefonou para o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. O pedido para deixar a votação para próxima semana foi feito às 23h19.

A partir daí, os líderes governistas subiram à tribuna para defender o adiamento. "Vou tentar ganhar estes dias não para mudar o plenário. É para tentar mudar a posição do governo", alegou o líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN). Ele reconheceu que fez um julgamento "impreciso e incorreto" ao não ter percebido que a base votaria contra a proposta do governo. Os ruralistas garantem ter mais de 300 votos.

Ânimos exaltados

O clima na Câmara ficou acirrado depois que o líder do PT, deputado Paulo Teixeira (SP), ter acusado o relator Aldo Rebelo (PC do B-SP) de ter mudado o texto na última hora. Segundo o petista, o relatório apresentado às 21 horas era um, enquanto a proposta levada ao plenário, por volta das 22 horas, era outra.

Em campanha contra a votação do Código, a ex-ministra Marina Silva foi para o plenário da Câmara e aproveitou para publicar em seu twitter que Aldo havia incluído "várias pegadinhas" na nova versão. Irritado, Aldo foi ao microfone e reagiu: "Quem fraudou contrabando foi o marido de Marina Silva".

Relatório final

Na noite de ontem (11), Rebelo apresentou o texto do projeto que será votado pelo plenário da Câmara dos Deputados. Pelo acordo, o Executivo cede na isenção da reserva legal para propriedades rurais de até quatro módulos fiscais, uma exigência do relator. Já Rebelo cedeu na questão dos usos consolidados das matas ciliares.

Ao contrário do que queriam o relator e parlamentares da bancada ruralista, a lei proibirá de forma geral o plantio de matas ciliares em rio largos. As exceções serão regulamentadas por decreto.